As cirurgias bariátricas possuem dois focos principais. O primeiro deles tem o objetivo da restrição alimentar no ambiente gástrico, ou seja, as conhecidas cirurgias restritivas, em que se reduz a capacidade do estômago de acondicionar o alimento. Um outro tipo é a cirurgia bariátrica disabsortiva, em que se reduz a capacidade de absorção do alimento no intestino. Além disso, existem as cirurgias mistas, que são restritivas e disabsortivas. Pacientes com obesidade podem ser submetidos a diversos tipos de cirurgias como formas de tratamento para a doença. Contudo, para indicações de cirurgias de regulação metabólica de pacientes com IMC entre 30 e 35 kg/m², a recomendação principal é o Bypass gástrico.
Gastroplastia Redutora com Bypass em Y de Roux
Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), o Bypass Gástrico deve ser o tipo preferencialmente escolhido de cirurgia para indivíduos com síndrome metabólica e IMC abaixo de 35. O Bypass Gástrico é o subtipo de cirurgia bariátrica mais comum no país e chega a corresponder a 60% dessas operações, devido ao seu alto nível de sucesso pós-cirúrgico e também à sua segurança. A determinação do CFM é que a técnica empregada seja de preferência a videocirurgia, ou seja, a forma menos invasiva. A gastroplastia com derivação intestinal em Y de Roux objetiva criar, na cirurgia, um pequeno estômago. Esse novo estômago, com volume de cerca de 30 a 50ml, é conectado ao intestino do paciente, que foi desviado, deixando-o mais curto. Nessa técnica, a parte do estômago que não é utilizada, assim como o duodeno e o início do intestino delgado, não farão parte do novo trajeto alimentar, mas permanecerão no organismo do paciente, isto é, não serão retirados durante a cirurgia.
Há diversos benefícios que justificam a grande adesão de médicos e pacientes à cirurgia de Bypass Gástrico. A Dra. Carolina Ribeiro explica que há uma considerável perda de peso com o emprego dessa técnica, pois com a redução importante do espaço gástrico, obtém-se uma menor ingesta alimentar, devido à saciedade antecipada em relação ao que ocorria antes, bem como redução da absorção de nutrientes ingeridos, ou seja, menos calorias absorvidas. Além disso, em geral, os pacientes conseguem estabilização do novo peso e do novo estilo de vida já no primeiro ano após a cirurgia. Recomenda-se um acompanhamento de perto por profissionais da área da endocrinologia, nutrição e psicologia para que a melhora na qualidade de vida seja permanente. Um motivo essencial para o acompanhamento nutricional após a cirurgia bariátrica é a diminuição da absorção de nutrientes, e por isso, se a rotina alimentar do paciente não for bem manejada, é possível que ocorram deficiências vitamínicas e minerais importantes para o bom funcionamento do organismo, levando a anemias, por exemplo. Assim, reforça-se a importância de um acompanhamento contínuo e responsável após o Bypass Gástrico.
Gastrectomia Vertical (Sleeve Gastrectomy)
Um segundo tipo de cirurgia bariátrica frequentemente realizado é a gastrectomia vertical. Nesta técnica, também conhecida por Sleeve ou gastrectomia em manga, o cirurgião atua apenas no estômago e não desvia o alimento do trajeto original. Ela também é realizada por videolaparoscopia e consiste em tornar o estômago menor, deixando-o numa forma tubular de aproximadamente 100 a 150 ml. Dessa forma, parte do corpo e o fundo gástrico são retirados, diminuindo a capacidade de armazenamento. Uma vantagem desse tipo de cirurgia em relação à cirurgia de Bypass gástrico é que o intestino não sofre alteração. Portanto, se na cirurgia de bypass havia o risco de redução de absorção de nutrientes no intestino delgado, na Gastrectomia Vertical isso não ocorre. Mas, ainda assim, é importante ressaltar, que, mesmo assim, podem haver deficiências nutricionais após o Sleeve.
A Dra. Carolina Ribeiro explica que uma desvantagem desse método é ser irreversível, pois uma grande parte do estômago é retirada. Porém, com um acompanhamento atento às necessidades do paciente submetido a esse tipo de cirurgia, é possível que este método seja o mais adequado. Também devemos ressaltar que esta cirurgia pode ser convertida em um Bypass, caso haja indicação.