Cirurgia da Obesidade (Bariátrica e Metabólica)

A saúde pública tem enfrentado, nas últimas décadas, um grave problema em nível mundial: a obesidade. Essa doença vem crescendo exponencialmente no mundo, atingindo, no Brasil, cerca de 30% da população. A doença, silenciosa e altamente perigosa, leva ao acúmulo de gordura visceral, ou seja, depósito de gordura dentro dos órgãos abdominais, disparando uma cascata de eventos inflamatórios, e acúmulo de placas gordurosas dentro dos vasos sanguíneos, que podem diminuir o fluxo sanguíneo e, consequentemente, o suprimento de sangue para os órgãos do corpo, levando à isquemia, como o infarto do miocárdio ou os acidentes vasculares cerebrais (AVC). A obesidade muitas vezes traz associadas outras doenças como a hipertensão arterial sistêmica, o diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e outras condições perigosas para a saúde a curto e longo prazo.

A Dra. Carolina Ribeiro, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, explica que a obesidade é uma condição multifatorial, ou seja, está ligada a um conjunto de fatores como os fatores genéticos e fatores ambientais, como os maus hábitos de vida ( alimentação inadequada aliada ao sedentarismo). Há, ainda, outros fatores como mecanismos neuroendócrinos descompensados, bem como sono desregulado. Ou seja, um indivíduo com obesidade apresenta diversas e complexas razões para se apresentar nessa condição. Seguindo essa lógica, é importante notar que um paciente obeso passa por diversas tentativas de emagrecimento, e com o insucesso das dietas e medicamentos para perda de peso ao longo da vida, e após atingir um peso altamente danoso para sua saúde, uma das alternativas procuradas é a cirurgia. 

Para haver a indicação cirúrgica, o Índice de Massa Corporal (IMC) desse paciente deve variar entre 35 e 40, com comorbidades associadas, ou ser maior que 40. O cálculo do IMC é feito dividindo o peso (P) pelo quadrado da altura (A) (IMC= P÷A²). Além disso, o recomendado é que o paciente tenha uma idade entre 16 e 65 anos. 

A cirurgia para o tratamento da obesidade pode ser dividida em cirurgia bariátrica e cirurgia metabólica. A cirurgia bariátrica objetiva principalmente a perda de peso, existindo diversas técnicas descritas, porém sendo o Bypass Gástrico e a Gastrectomia Vertical as mais realizadas no Brasil e a nível mundial.

Um outro tipo de cirurgia para o tratamento da obesidade é a cirurgia metabólica. A grande diferença dela para a cirurgia bariátrica, apesar da maioria dos obesos terem síndrome metabólica, é que não tem o objetivo principal da perda de peso, mas sim do tratamento das comorbidades, principalmente, o diabetes tipo 2, uma doença fortemente ligada à obesidade. Portanto, com a cirurgia metabólica, o objetivo é controlar o índice glicêmico do paciente acometido pela doença. A Dra. Carolina Ribeiro explica que a opção de tratamento da diabetes tipo 2 por meio da cirurgia metabólica é indicada para os pacientes que já aderiram ao tratamento clínico, mas não conseguiram obter resultados satisfatórios para o controle da doença. Com as alterações anatômicas ocorridas após a cirurgia, muitas mudanças no metabolismo intestinal e endócrino ocorrem, levando ao controle da glicemia e outros fatores associados à diabetes tipo II e à obesidade, o que caracteriza a cirurgia metabólica. Os pré-requisitos para que o paciente possa ser submetido à cirurgia metabólica são: possuir IMC acima de 30kg/m², ter um acompanhamento prévio do endocrinologista por no mínimo dois anos antes da cirurgia, ter o diagnóstico da diabetes tipo 2 há menos de dez anos, e ter entre 30 e 70 anos de idade. Para pessoas que possuem indicação para cirurgia metabólica, o tipo de cirurgia mais indicada é o Bypass gástrico e outras técnicas com desvio intestinal.

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